A autenticidade – quase – perdida do Jazz

Jazz autêntico é o termo para referir-se às danças sociais entre 1920 e 1940 nos Estados Unidos. Entram na lista: charleston, lindy hop, blues, black bottom, entre muitas outras vertentes dançadas na época.  

Foi no final da década de 1950 que o nome surgiu, aplicado por Marshall Stearns, musicólogo e crítico de jazz. Há autores que usam também os termos danças vernaculares ou swing dances. Essa definição provavelmente aconteceu, porque o jazz dance já estava apropriado, utilizando a ideia de qualidades de movimento da dança moderna e do balé clássico. Embora o comum, quando falamos de Authentic Jazz, estamos falando de solo jazz, principalmente associado ao Lindy Hop, que é dançado a dois. Então, haverá pessoas no cenário atual do Jazz que não vão colocar esse termo como algo abrangente, e sim, especificamente sobre dançar sozinho. 

Alguns nomes da época, como Alfred “Pepsi” Bethel (1918 – 2002) usou o termo depois de Stearns, como authentic jazz dance; e criou, ainda na década de 1960, o grupo Pepsi Bethel Authentic Jazz Dance Theater, onde ele e cerca de mais 10 bailarinos performavam pelos palcos de New York. Foi possivelmente por causa dele que ficou associado ao Solo Jazz. 

Em uma reportagem do The New York Times de 1978, o jornalista Mark Deitch acompanha uma aula de Bethel no Clark Center, estúdio que abriu espaço para que o coreógrafo pudesse trabalhar com a sua companhia. E na matéria, Pepsi conta um pouco sobre seu trabalho e pesquisa dentro do jazz. Ao falar sobre, usa muito a expressão “raw”, que pode ser entendida como algo que apenas é o que é. Tanto que, segundo a reportagem, Pepsi Bethel foi dispensado de um trabalho na Broadway por ser autêntico demais. 

Para o artista, a base de seu trabalho vem muito do seu histórico de vida que incluiu a dança ainda na infância, onde dizia que aprendera a dançar nas ruas e nos salões de baile. Seu estudo vinha dos primórdios do jazz, como o cakewalk. Em 1970 publicou o livro Authentic Jazz Dance – a retrospective, a fim de compartilhar não apenas o seu trabalho com a companhia que criou, mas também de seus estudos particulares, para que as novas gerações não perdessem a essência e o conhecimento do jazz. Para ele, mais importante que os passos executados, é o ritmo. Um dançarino de jazz sem ritmo, não dança jazz. 

Nos últimos tempos os termos e a popularização no meio da dança do Authentic Jazz e do Lindy Hop como um todo, veio ganhando mais força. No Brasil, ainda poucas são as cidades que possuem escolas que oferecem esse tipo de dança, fica quase resumido ao eixo Rio-São Paulo. Muitas das pessoas que estudam esse estilo, não tem interesse profissional com a dança, o que particularmente acho interessante, pela manutenção do contexto social, porém limita a possibilidade de mais pessoas trabalharem com lindy hop no mercado já existente. 

Em São Paulo, além de festas e celebrações periódicas como o Jazz na Rua, Golden 20’s e o Hey, Lindy!, existem práticas abertas como a da Sede Cultural, organizada pela That Swing Dance Company, um sábado por mês, prática semanal às terças no Centro Cultural São Paulo e o pique-nique mensal de domingo, em diferentes parques e praças da cidade. 

Ainda assim, o estudo de Pepsi continuam sendo o mais complexo na proximidade com o Original Jazz. Ele conseguiu manter sua individualidade, requisito mínimo para se dançar jazz, e aplicar técnicas dessas danças vernaculares sem usar sempre os passos que todo mundo utiliza. 

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