Frank Hatchett: o Doutor do Jazz e sua influência indireta no Jazz Funk e Street Jazz

Doctor of Jazz, era a forma como Frank Hatchett (1935 – 2013) era conhecido, para além do Broadway Dance Center e do VOP, um estilo de Jazz criado por Frank, após fazer diversas audições e perceber que bailarinos negros quase não eram contratados.

Ele começa a dar aula em uma escola pequena e a fazer algumas gigs com as pessoas que frequentavam esse espaço. Em suas aulas, havia uma mistura de exercícios que aprendera com Katherine Dunham, o jazz apropriado de Gus Giordano e Matt Mattox e também influência de coisas cotidianas como o barulho da rua e a maneira de alguém caminhar. A palavra VOP surge quando seus alunos começam a fazer audições e recebem o feedback de que não tem presença de palco, então durante as aulas ele utilizava essa onomatopeia como forma de estimular seus aprendizes a terem mais a essência de si na dança. Algo como: “1, 2, 3 VOP! Ball change VOP, triple triple VOP!”. Isso se torna uma característica de seu trabalho, fazendo com que pessoas da época considerassem um estilo de dança, mas o próprio Frank falava que não era isso, na verdade, seu trabalho era sobre misturar referências da rua, o movimento “funkeado” – da música funky – e o modern jazz (sic).

Com o passar do anos, Hatchett começou a receber alunos que não estavam interessados em dançar profissionalmente, fazendo com que a turma se tornasse de interesse híbrido entre quem só estava lá por hobby e quem queria seguir carreira. Com isso, Frank começou a ser mais flexível sobre o resultado de execução das coisas que ele passava em aula, o que não interferiu no conteúdo, onde as transições eram consideradas difíceis, com a mescla do funky e da autenticidade, juntamente da codificação branca na apropriação do jazz.

Na década de 1980, Frank mudou-se para Nova Iorque, onde começou a trabalhar no Jojo’s Dance Factory, escola de Jojo Smith e Sue Samuels, que anos mais tarde se tornou a Broadway Dance Center sob direção de Hatchett.

E tudo isso que é possível ver no trabalho de Frank Hatchett, pode ser entendido como o começo do Street Jazz. A meu ver, tanto o Street Jazz, quanto o Jazz Funk, são vertentes do Jazz que não possuem muitas referências teóricas, poucas pessoas falam sobre isso, além do Jazz Funk que se faz no Brasil ser muito diferente do que é feito nos Estados Unidos. Dessa forma, vamos afunilar somente para o Street Jazz, que na minha perspectiva de pesquisadora de danças que permeiam e que são nomeadas “Jazz”, como é o caso do Jazz Funk brasileiro, ele tá muito mais próximos do que é entendido como Street Jazz nos EUA.

Um exemplo de profissional que possui essa estética, é a Paula Abdul, que na década de 1980, aos 19 anos, se tornou líder de torcida do Lakers, de Los Angeles, um dos maiores times de baquete do mundo. Um dos Jackson (The Jackson 5/The Jacksons) foi a um jogo, gostou de Paula e a convidou para ser coreógrafa do clipe de “Torture”, que foi um grande sucesso e Abdul seguiu trabalhando com o grupo, coreografando também “The Victory Tour”.

Pouco tempo depois, Janet Jackson começou a ter sua carreira solo mais evidenciada e Paula Abdul se tornou coreógrafa dos videoclipes de Janet e também de alguns shows. Em 1990, agora atuando também como cantora, Paula fez uma apresentação icônica no MTV Video Music Awards, evento de premiações para artistas da música, onde não fica dúvidas do talento e versatilidade da artista.

Em 2024, a Broadway Dance Center completou 40 anos de existência e com isso, seu conteúdo de rede social enalteceu grandemente Frank Hatchett, que deveria ser mais conhecido entre praticantes de Jazz, nesse contexto das academias de dança; para além do protagonismo negro.

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