Em uma linha do tempo rápida e muito resumida, vieram as worksongs e derivou-se disso o gospel e o blues, que quase diretamente resulta no soul, jazz e RnB. A grosso modo, a música funky vem da mistura do jazz com o soul e o rhythm and blues; porém, esxiste mais ênfase na batida do que na melodia. O importante é manter o groove.
A palavra funk é uma expressão do século 17, que significava “odor forte”. Já quando escrito com y no final, pode significar mofo. Por volta de 1900, começa a ser usada como gíria e expressão entre músicos (do que seria entendido como) de jazz, querendo dizer para que se toque mais profundamente. Entretanto, a palavra funk não era muito usada fora do universo musical, tinha também uma relação com o suor e dentro da visão embranquecida da sociedade isso não era bem visto. Entre pessoas negras, principalmente por conta da palavra mofunk, isso poderia ser algo bom. Mofunk tinha essa relação com o suor de alguém que trabalhou muito e trabalhou bem. Talvez venha daí a expressão funky style, usada no jazz, que era o momento do músico brilhar; era onde tinha que dar tudo de si e ser muito mais virtuoso.
Foi Horace Silver, um pianista de jazz, que na década de 1950 começou a popularizar este termo. E nesse período, pós swing era, onde a música e a dança estavam completamente conectadas, o bebop jazz vinha por um caminho onde naturalmente existia o incentivo à virtuosidade. Então, pedir para que alguém tocasse num estilo mais funky, era pedir para que tocasse de um modo um pouco mais dançante. Podemos ouvir esse jeito de fazer música em trabalhos de Miles Davis e Kool And the Gang na década de 1960.
Foi nessa década que James Brown, o grande mestre do funky, começa a fazer sucesso como cantor de RnB; e junto com a sua banda, já em Nova Iorque, começa a fazer músicas, onde além da sua voz, o baixo e a bateria também são protagonistas. “Cold Sweet” foi seu primeiro grande sucesso de funk. Mas, algumas décadas antes, em Nova Orleãs, cidade considerada berço do jazz, Dave Bartholomew lançava “Carnival Day”, considerada a primeira música com estilo mais funkeado, que tinha muitas influêcias da música cubana e suas síncopes, que Brown também usaria mais tarde pra fazer suas canções de funk.
A pessoa que primeiramente notou essa influência hispânica e latina que existia em NOLA, foi Jelly Roll Morton. Ele enxergava essa essência e essa potencialidade que a percussão afro-diaspórica, associada com essa origem latina podia ter dentro do Jazz.
Fora as questões rítmicas, ainda hoje é difícil colocar em palavras o que seria funk, porque sua origem etimológica, na música e na dança foi embasada em sensações.